quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Reclame Menos Pessoas que vivem se queixando prejudicam suas relações sociais. Em vez de só falar sobre as dificuldades, enfrente-as, para se tornar mais confiante e satisfeito com a vida.


A reclamação é uma epidemia no mundo de hoje, por isso não se espante quando descobrir que você também se lamuria bem mais do que imaginava”, afirma o autor norte-americano Will Bowen, depois de propor um esquema de monitoramento contra o excesso de queixas em seu livro “Pare de Reclamar e Concentre-se nas Coisas Boas” (editora Sextante).
Ele está certo. Todo mundo reclama demais e de tudo. Basta iniciar um simples diálogo para brotar entre os interlocutores uma enxurrada de insatisfações. É o latido do cachorro do vizinho durante a madrugada, o trânsito da cidade, a falta de aumento salarial, o descontentamento com os políticos, entre tantas outras reclamações.
Mas a definição propriamente dita de “reclamar” acaba se perdendo um pouco, pois ninguém exige, pede ou reivindica nada do que gostaria. Um dos significados mais evocados é o ato de “se queixar”.
É exatamente isso que Bowen aborda em sua obra ao dizer que ninguém reclama pelas coisas que quer, mas apenas por aquelas que não quer, concentrando palavras e pensamentos negativos. “Nós nos concentramos no que está errado, em vez de dar atenção à nossa visão sobre o que é um mundo feliz, saudável e harmonioso”, destaca o autor em seu livro.
E esse universo de reclamações acaba produzindo uma sobrecarga e tensão que distanciam qualquer tipo de relacionamento social. Afinal, ninguém que por perto uma pessoa que transmite insatisfação constante. Quem resmunga acaba produzindo mais problemas, pois deixa de valorizar aspectos positivos da vida, principalmente quando tem de enfrentar momentos difíceis.
“O problema é quando reclamar torna-se um fim e não um meio”, afirma a psicóloga Vanessa Aparecida Buzzo Rodrigues, do hospital Santa Cruz, em São Paulo. O rótulo de “reclamão” não demora a aparecer em quem se queixa de tudo.
Essa atitude transforma-se, na maioria das vezes, em um hábito inconsciente.
A psicóloga Marina Vasconcelos, de São Paulo, especialista em psicodrama terapêutico, conta que muitos “reclamões” buscam um motivo para criticar, e os significados por trás disso são vários. “Essa insatisfação tem de ser analisada no histórico pessoal. Pode ser inveja, levando à vontade de ‘destruir’ algo criticando; perfeccionismo, sentindo necessidade de cobrança para que todos hajam da mesma forma; insatisfação pelas próprias escolhas, ou uma necessidade de chamar atenção.”
Nessa dificuldade de reconhecer os reais motivos que nutrem esse núcleo da reclamações, a psicóloga afirma que a maioria não tem disposição para mudar o que lhes desagrada. Falta coragem, postura ativa, vontade de mudar. “O medroso não arrisca, pois o desconhecido assusta, mas age como inconformado”, diz Marina.
Antes de começar a se lamentar de tudo, é importante parar para refletir e fazer algumas perguntas a si mesmo: O que tenho feito para mudar? Tenho tentado mudar? O que me impede? É um real impedimento? Se as respostas são negativas, as reclamações são em vão, sinal de que o ditado “fala demais e faz de menos” está em pleno andamento em sua vida.
Se essas reflexões forem possíveis, mesmo quando tudo não está saindo como previsto, é preciso calma. Não é areclamaçãodaboca para foraque iráresolverumproblemaoudificuldade, isso só desestabilizará ainda mais seu lado emocional.
“Queixar-se é natural, mas também uma forma de se acomodar a situações adversas, deixando de enfrentá-las. A dificuldade de enfrentamento pode ser devido a alguma insegurança que se instalou”, afirma a psicóloga paulistana.
Mas reclamar não é proibido
Claro que algumas críticas são construtivas e necessárias, assim como reclamações são importantes em situações em que há abusos. É necessário, por exemplo, reivindicarnorestaurantequandoacomida está fria, quando a conta do condomínio aumenta sem aviso prévio ou qualquer situação em que haja real desleixo e prejuízo evidente.
As queixas somente são justificáveisquando estão em busca de direitos, mas não devem ser direcionadas a quem não pode resolver o problema. Se existe algo errado, de que adianta reclamar com a mãe ou o vizinho? É precisar agir do modo certo, buscar o diálogo com a pessoa que é responsável por sua reclamação e dar um ponto final no problema.
Modifique a situação
Quem reclama demais tem relacionamentos infelizes, problemas de saúde e financeiros, pois não consegue buscar a solução para suas dificuldades. Para Vanessa Aparecida Buzzo Rodrigues, psicóloga do hospital Santa Cruz, em São Paulo, pessoas que reclamam demais têm umaintensidade de sentimentos negativos, de menos valia.
“Elas tornam-se amargas, incapazes de sentir alegria ou perceber coisas boas. São ou transformam- se em pessoas mal humoradas, intolerantes, irritadas. Em alguns momentos, têm um humor deprimido, sentimento de que são desprezadas”, explica a psicóloga.
É esse comportamento que torna os “reclamões” pessoas desagradáveis, afastando os vínculos sociais. A modificação dessa situação,
no entanto, é um processo que requer a busca ou reencontro do autoconhecimento para refletir o que está acontecendo.
“Conseguindo mudar de comportamento, a pessoa ganhará mais autoestima, autoconfiança, satisfação com a vida e, simultaneamente, relacionamentos de melhor qualidade, sentindo-se mais segura, confiante e aceita”, diz.

Leitura

“Se formos honestos com nós mesmos, os acontecimentos da vida que provocam reclamação legítima serão extremamente raros. A maior parte das reclamações que fazemos é apenas ‘poluição sonora’, prejudicial à nossa felicidade e bem-estar. Preste atenção no que você faz. Você se queixa com freqüência? Quanto tempo já se passou desde sua última reclamação? Um mês ou mais? Se você reclama mais do que uma vez por mês, pode estar fazendo da lamúria um modo de vida.”
Trecho do livro “Pare de Reclamar e Concentre-se nas
Coisas Boas” (editora Sextante), de Will Bowen

Desafio dos 21 dias

A ideia é passar o período sem reclamar de nada ou criticar as demais pessoas. Para isso, você será responsável em fazer o próprio monitoramento e tomar consciência diária das próprias atitudes e comportamentos
fonte: Revista bem estar

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