sábado, 2 de junho de 2012

Histerectomia: quando a cirurgia de retirada de útero é necessária?


Nos Estados-Unidos, cerca de 600 a 700 mil mulheres perdem seus úteros anualmente. No Brasil, os números não são menos assustadores. Embora não haja estatísticas precisas, o volume anual de histerectomias é da ordem de 200 a 300 mil, com taxa de mortalidadevariando de uma a duas por mil cirurgias realizadas.
Ao mesmo tempo, grande parte dos recursos do Ministério da Saúde tem sido gastos com internação de mulheres para tratamento de doenças gênito-urinárias. Muitos procedimentos e cirurgias desnecessárias, por vezes de efeito nocivo, poderiam ser evitados através de ações educativas e campanhas de esclarecimento.

Devemos estimular as mulheres a exercerem seu direito de opção por novas técnicas e descobertas científicas, participando ativamente damelhora na qualidade de sua assistência médica e na escolha do seu tratamento.
Apesar de muitas pacientes desejarem ouvir uma segunda opinião, muitas relutam em fazê-lo para não aparentar falta de confiança no seu médico. Entretanto, os próprios profissionais concordam que esta é uma ótima idéia, especialmente para aquelas que estão diante de um diagnóstico mais severo, ou quando em vias de serem submetidas a determinados procedimentos mais radicais./strong>

Para se ter uma idéia do problema, em artigo publicado no New England Journal of Medicine, na sua edição de março de 1993, já se comentava sobre o exagero de mulheres que anualmente perdiam seus úteros nos EUA, a publicação atribuía essa situação dramática à “falta de conhecimento dos profissionais por outras opções terapêuticas”.
O citado artigo revela também que “cerca de 90% das histerectomias (retiradas do útero) são realizadas a fim de eliminar doenças benignas, e executadas sem qualquer tentativa terapêutica prévia — o que pode ser considerado um abuso cirúrgico”. Esta análise demonstra que embora a opinião do seu médico seja confiável, muitas dúvidas podem existir; e todos têm o direito, e mesmo a obrigação, de consultar uma segunda opinião.
Abastecido de todos os esclarecimentos, ficará mais fácil e seguro decidir qual o melhor caminho para a solução do problema. Quando os conceitos e as práticas não progridem com a velocidade que os fatos requerem, deixamos de contribuir com a evolução e tornamo-noscúmplices do desconhecimento.
Quando a histerectomia é necessária?
No passado, a falta de recursos para diagnósticos mais precisos gerou uma indiscriminada indicação de histerectomias, até mesmo como uma forma de evitar-se um futuro câncer. Numa atitude simplista, irracional e perversa, o útero era considerado um órgão inútil e descartável. Sob a nova visão filosófica da ginecologia contemporânea, preservar o corpo humano íntegro e em harmonia significa preservar a saúde física e psicológica da mulher.




Com o advento de novos exames (papanicolau, colposcopia, ultrassonografia, ressonância magnética, videohisteroscopia), que possibilitam uma melhor avaliação das doenças uterinas, esses objetivos vêm sendo alcançados.
Entretanto, a retirada do útero algumas vezes precisa ser considerada, embora a grande interrogação seja determinar o momento exato em que ela deva ser realizada.
A histerectomia hoje dever ser indicada de forma absoluta apenas para estes casos:
Câncer de colo uterino
Câncer de colo uterino invasivo
Úteros muitos volumosos e/ou deformados por múltiplos miomas
Hiperplasia endometrial complexa com atipias
Câncer de ovário
E pode ter indicação discutível nas seguintes condições:
Dismenorréia (cólicas menstruais) de forte intensidade
Dor pélvica crônica de origem uterina
Endometriose/adenomiose
Prolapso uterino (queda do útero)
Miomas
Sangramento uterino anormal sem causa aparente/não responsivo ao tratamento
Ainda assim, mesmo quando a cirurgia for bem indicada e realizada dentro da técnica mais apurada, temos que lembrar que a histerectomia é uma cirurgia de grande porte e deve ser a solução de último recurso, quando não for obtido sucesso com tratamentos mais conservadores.
Fonte: Clínica Prof. Dr. Cláudio Basbaum / www.claudiobasbaum.med.br

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