Médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz orienta sobre higiene íntima feminina
Falta de conhecimento leva mulheres a cometerem erros que geram problemas ginecológicos
São Paulo, 25 de julho de 2012
- A higiene íntima merece atenção especial, inclusive para que não
sejam cometidos excessos na limpeza. É o que afirma a Dra. Tatiana
Pfiffer, ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Segundo ela, o uso de duchas vaginais (quando se lava não só por fora,
mas também o canal da vagina) e de sabonetes bactericidas altera a
barreira de proteção da região.
“Esse
tipo de sabonete pode eliminar o crescimento dos Bacilos de Döderlein,
que são responsáveis pela manutenção do pH ácido, saudável, da vagina. O
meio ácido é uma das formas de proteção contra micro-organismos
causadores de doenças. O crescimento dos Bacilos e a defesa também ficam
comprometidos quando a higiene é feita com duchas que lavam o canal, já
que isso altera o pH. Para ajudar a manter uma flora vaginal adequada,
diminuindo a suscetibilidade a infecções, a mulher pode utilizar
sabonetes íntimos que contenham ácido lático em sua fórmula e ingerir
probióticos com lactobacilos”, recomenda.
De
acordo com a ginecologista, são vários os fatores que tornam a região
da vagina propensa a infecções, irritações e alergias. “É uma área com
secreção, abafada, perto do canal anal e da uretra, e ainda por cima tem
uma pele sensível e mais fina (mucosa) suscetível a uma série de
fatores internos e externos”, explica.
No banheiro
Na
hora do banho, a orientação é para que seja dada uma atenção especial à
vulva (parte externa), já que existem várias “preguinhas” na pele dessa
região que podem acumular o esmegma, um resíduo branco formado pela
combinação de células epiteliais, óleo e gordura genital.
“Como
os sabonetes comuns são alcalinos, se usados em excesso nessa região
podem levar a irritações. Vale lembrar que na vagina o meio é ácido, não
na vulva, sendo assim não é um problema tão grande utilizar-se de
sabonetes comuns na área externa. O uso de sabonetes neutros ou de
sabonetes íntimos pode auxiliar principalmente em casos de irritação ou
corrimentos de repetição”, diz Dra. Tatiana, acrescentando que “a mulher
deve evitar o uso de buchas, cotonetes ou outros materiais que
podem machucar a pele dessa região”.
Quando
a mulher vai ao banheiro urinar, explica a ginecologista, a utilização
do papel higiênico é suficiente. “Porém, é muito importante que essa
higiene seja feita no sentido da vagina em direção ao ânus para que não
haja a contaminação com as bactérias provenientes do intestino. Se não
houver papel higiênico adequado, pode-se recorrer aos lencinhos
umedecidos. A duchinha pode ser utilizada, mas é preciso evitar água
muito quente, que pode tirar a proteção natural da vagina”.
Durante
a menstruação, a atenção à higiene deve ser redobrada, já que a
presença de sangue altera o pH vaginal. Além disso, o sangue por si só é
um “meio de cultura”. “Os absorventes internos ou externos devem ser
trocados de acordo com a necessidade, porém o intervalo entre as trocas
não deve exceder quatro horas durante o dia.”
Pode ou não pode?
A ginecologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz analisa o uso de outros itens que podem gerar dúvidas:
- Lencinhos umedecidos:
podem ser uma alternativa quando a mulher se encontra em ambientes
públicos ou o papel higiênico em questão é muito áspero, podendo irritar
a pele. O uso contínuo não é recomendado porque pode provocar
irritações ou reações de hipersensibilidade.
- Protetores diários de calcinha:
não são recomendados porque deixam a região mais abafada. Além disso, o
perfume dos protetores pode causar irritações ou alergias.
- Perfumes
de maneira geral na região devem ser evitados, isso inclui os perfumes
íntimos, assim como papel higiênico ou absorventes perfumados. Nada de
talco também: “Além de poder causar irritação, secura e ardência, o
produto está relacionado ao desenvolvimento de tumores malignos de
ovários e tubas uterinas”, alerta a médica.
- Calcinha:
tem que ser confortável e deixar a pele respirar. Pode ser de algodão,
porém existem tecidos sintéticos atualmente no mercado que não impedem a
transpiração e são mais fáceis de higienizar. Lavar a calcinha no
chuveiro deixando-a pendurada no box - ambiente úmido, demorando mais
para secar - pode levar a proliferação de micro-organismos patogênicos.
Deve-se também evitar o uso
de amaciantes e água sanitária, que podem provocar alergias ou
irritações vulvares. Em algumas pacientes o uso de sabão em pó pode
desencadear essas reações, sendo melhor o uso de sabão líquido e/ou
neutro, como sabão de coco. “Dormir sem calcinha é recomendado para
deixar a vagina ‘respirar’. Pelo mesmo motivo é bom evitar calças muito
justas, ainda mais quando a mulher passa boa parte do dia sentada”,
avisa.
- Hidratante:
não é necessário, mas se a paciente acredita não estar tendo uma
lubrificação adequada durante a relação sexual, pode utilizar
lubrificantes à base de água.
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fonte coluna Mulher
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