Recentemente assisti ao filme “A Fonte das Mulheres”, que
narra a história de uma pequena vila muçulmana no norte da África. A
trama retrata a seca, o desemprego e o machismo daquele lugar. Após
muitos anos em que a comunidade se viu sob extrema pobreza quase que
inerte, as mulheres são as primeiras a se movimentarem contra uma série
de injustiças que recaíam sobre elas.
A história mostra uma revolução feminista centrada no dia a
dia daquelas mulheres. São mulheres sofridas, guerreiras; mulheres que
trazem consigo a persistência e a força do gênero feminino em
contraponto ao papel de sexo frágil que a sociedade lhes impõe.
Tudo se inicia com a revolta gerada por mais um aborto ocorrido
porque são elas as responsáveis por conseguir água em uma fonte longe e
de difícil acesso, carregando baldes nas costas. A partir dali, diversas
outras desigualdades e injustiças sexistas são percebidas pelas
mulheres. Como na vida real, muitas delas não querem romper com a
“tradição” e, logicamente, os homens negam-se a realizar trabalhos que
são destinados às mulheres. O embate de dá de forma brutal e difícil,
com agressões por parte dos homens e mais pressão sobre as mulheres.
O que o filme nos faz refletir, é como encaramos o feminismo
oriental, que é muito diferente do ocidental. São lutas diferentes e
vistas sob a ótica de quem tem toda uma história social, religiosa e
cultural distante da nossa e que devem ser respeitadas.
Uma das principais pautas das mulheres árabes é o direito de poder se
manifestar e reivindicar. É ter o direito de resistir à realidade
machista em que se encontram. Suas lutas inclusive estão conectadas a
sua religião. O filme traz essa realidade quando mostra as mulheres
dando sua própria interpretação ao Corão que, sob muitos aspectos
enaltece a mulher e a coloca em pé de igualdade ao homem.
Hoje o mundo árabe está em efervescência política e econômica e são
as mulheres também que estão tomando a frente de muitas manifestações.
São elas que percebem e enfrentam diariamente a pobreza e a desigualdade
de um mundo muçulmano que ainda está por libertá-las.
Interessante é perceber o quanto a história dessas revolucionárias
feministas árabes tem em comum com a nossa: além da luta por seus
direitos, a irreverência com que levantam suas bandeiras. Para serem
escutadas pela comunidade e pelos homens, elas colocaram nas suas
músicas e danças as suas angústias e reivindicações, de uma forma leve e
alegre. Isso mostra que a tática da Marcha Mundial das Mulheres de
levar suas lutas através da música e de outras formas criativas, traz
resultados em qualquer lugar do mundo!
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